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Uma nova proposta

    Com o sucesso cada vez maior do torneio continental europeu (a Copa dos Campeões da Europa, atual UEFA Champions League), criado em 1955, voltou à tona a idéia de um novo mundial interclubes. A opção mais “viável” era a do secretário-geral da UEFA, o francês Henri Delaunay, que sugeriu a criação de um novo toneio continental na América do Sul, para que o seu vencedor medisse forças contra o campeão europeu. Consequentemente, o vencedor deste confronto seria coroado como o campeão do mundo, já que naquela época o futebol nos outros continentes continuava praticamente inexistente.

    A idéia ganhou força, principalmente porque os clubes só precisariam sair do continente se chegassem à final da disputa mundial - no formato ida e volta -, e contra apenas um clube de outro continente. Assim sendo, em 1959, a Confederação Sul-Americana de Futebol (atual CONMEBOL) anunciou a criação do novo torneio continental, a Copa dos Campeões da América (que anos depois passaria a ser chamada de Copa Libertadores da América), para ser disputada no ano seguinte.

    Curiosamente, foi a criação da competição continental que "obrigou" o Brasil a criar, em 1959, o seu primeiro campeonato nacional, a Taça Brasil - que estava aprovada pela FIFA desde Setembro de 1952 para começar a ser disputada a partir de 1955 -, exatamente para indicar um representante para a Taça Libertadores de 1960.

O retorno do mundial interclubes

    Assim que a então Copa dos Campeões da América foi lançada, sul-americanos (CONMEBOL) e europeus (UEFA) acertaram que os seus respectivos campeões participariam de uma nova disputa mundial interclubes, organizada em conjunto pelas duas confederações, e batizada oficialmente de Copa Intercontinental.

    Se a chamada Copa Rio - com suas dificuldades e virtudes - tinha o formato possível para uma competição de caráter mundial interclubes no início dos anos 50, a criação dos torneios continentais na Europa e na América do Sul fez com que a Copa Intercontinental - reunindo apenas os campeões dos dois continentes que tinham títulos oficiais até então - surgisse como o modelo praticamente ideal para a apuração do campeão do mundo interclubes a partir de 1960.

    Falecido dois anos antes, Delaunay não conseguiu ver seu sonho se tornar realidade, mas a “sua” Copa Intercontinental - que viveu fases de altos e baixos, de recusas e até mesmo com edições canceladas na década de 70 - resistiu como a principal disputa interclubes até 1979. No ano seguinte, visando tornar a disputa mais atrativa para os clubes - principalmente no quesito financeiro - e evitar novos cancelamentos e/ou recusas, a montadora japonesa de veículos Toyota passou a patrocinar a competição, que mudou de nome e formato - passou a se chamar Copa Européia/Sul-Americana e a ser disputada em jogo único, no Japão.

    Com o acordo e a consequente definição de uma sede fixa, em "campo neutro", o problema com a violência - que fez com que os europeus perdessem bastante o entusiasmo com a disputa, especialmente nos anos 70 - estava praticamente resolvido. Assim sendo, UEFA e CONMEBOL passaram a exigir - também em contrato - que os seus respectivos clubes campeões continentais disputassem o título de campeão do mundo no Japão, em jogo único - e caso não cumprissem, estariam sujeitos a diversos tipos de sanções.

    Desta forma, a Copa Européia/Sul-Americana continuou sendo a principal competição de clubes até 2004, quando foi substituída no ano seguinte pelo Campeonato Mundial de Clubes (atual Copa do Mundo de Clubes), organizado pela FIFA e também patrocinado pela Toyota.

Intercontinental não é Mundial?

    Às vésperas da decisão da última edição da Copa Européia/Sul-Americana, em Dezembro de 2004, a FIFA divulgou em seu site oficial uma "nota de despedida" dessa tradicional disputa entre clubes europeus e sul-americanos - destacando o objetivo da mesma em se apurar um campeão mundial -, e aproveitou para informar que a partir do ano seguinte a competição passaria a reunir clubes campeões das seis confederações filiadas à entidade, transformando-se assim no Campeonato Mundial de Clubes da FIFA. Confira o comunicado na íntegra (em inglês).

    Portanto, não havia dúvidas de que ambas as taças eram equivalentes. Inclusive, nos primeiros anos a disputa continuou sendo sediada no Japão, com o mesmo patrocínio da montadora de automóveis Toyota - que também dava nome ao troféu. Além disso, em alguns documentos da FIFA, as estatísticas do torneio eram unificadas.

    Com o passar dos anos, no entanto, algumas coisas mudaram: dentre outros acontecimentos, a Toyota deixou de patrocinar a competição, a FIFA tornou-se parceira de outras empresas - inclusive montadoras de automóveis -, e o site oficial da entidade limitou-se a divulgar apenas estatísticas das competições por ela organizadas (em 2000 e a partir de 2005). Com isso, ganhou força - especialmente no Brasil - um esdrúxulo movimento de "separação entre os campeões das duas eras", tornando-se comum ouvir/ler por aí a jocosa frase "Intercontinental não é Mundial".

    Diante desse cenário, a Copa Intercontinental, que até então era uma disputa de nível mundial incontestável, passou a ser desvalorizada - por grupos de torcedores que nunca foram campeões dessa taça, e até mesmo por alguns jornalistas - perante os "Mundiais da FIFA". Para evitar que a questão se agrave no futuro, a CONEMBOL tomou a iniciativa de solicitar ao Comitê Executivo da FIFA o reconhecimento da Copa Intercontinental como mundial - exatamente da mesma forma que a CBF fez com relação à Copa Rio de 1951, em 2014.


Imagem: Twitter de Alejandro Domínguez, presidente da CONEMBOL

Domínguez divulgou em seu Twitter a carta em que solicita o reconhecimento a Gianni Infantino, presidente da FIFA.


O reconhecimento oficial e definitivo

    Apesar de sempre mencionar a Copa Intercontinental como uma competição de nível mundial em seus comunicados mais recentes, faltava à FIFA formalizar tal reconhecimento - assim como já havia feito sobre a Copa Rio de 1951, vencida pelo Palmeiras. E isso finalmente aconteceu em 27 de Outubro de 2017, na Índia, em reunião do agora chamado "Conselho da FIFA" (antigo Comitê Executivo da FIFA).

Imagem: Felipe Virolli / RankingDeClubes.com.br

Site da FIFA divulgou assuntos decididos na reunião do Conselho. Clique na imagem para acessar o print do texto original.

    O trecho da ata que trata do reconhecimento (conforme imagem acima), divulgado no site da própria FIFA, diz:

    "Dentre uma grande variedade de tópicos, foram aprovadas uma série de decisões importantes, incluindo o seguinte:

    - Reconhecimento de todos os times europeus e sul-americanos que ganharam a Copa Intercontinental - disputada entre 1960 e 2004 - como campeões mundiais de clubes."

    Após a decisão da FIFA em reconhecer os campeões, o presidente da CONMEBOL, Alejandro Domínguez, comemorou em seu Twitter:

Imagem: Twitter de Alejandro Domínguez, presidente da CONEMBOL

    Assim sendo, fato é que a Copa Intercontinental - assim como a Copa Rio de 1951 - foi oficialmente 
reconhecida pelo "Conselho da FIFA", único órgão da entidade com autonomia para decidir sobre o 
tema. No momento, entre todas as competições já mencionadas pela FIFA como sendo de nível mundial, 
apenas a edição de 1952 da Copa Rio, vencida pelo Fluminense, ainda não teve um reconhecimento 
formal do conselho da entidade.

Ver página anexa: Posição da FIFA sobre a importância da Copa Intercontinental, em 27/01/2017

Um curioso comparativo entre os modelos de 1951/52 e 1960

    A primeira competição mundial interclubes, criada em 1951, reuniu oito clubes (cinco europeus e três sul-americanos). Para chegar ao título, o campeão Palmeiras teve de passar por confrontos contra quatro clubes diferentes, e caso não fosse a Juventus a outra equipe finalista, seriam cinco clubes diferentes no caminho do Verdão, que já tinha enfrentado os italianos na primeira fase do torneio. O Fluminense, na segunda e última edição da Copa Rio, em 1952, enfrentou cinco adversários para chegar ao título.

    Em 1960, para chegar ao vice-campeonato mundial, o clube uruguaio Peñarol precisou conquistar a primeira Copa Libertadores da América.  Para tanto, o Peñarol teve de passar por três - dos sete - clubes sul-americanos participantes da competição. Depois, pela Copa Intercontinental, enfrentou o campeão europeu Real Madrid e foi derrotado, ou seja, mesmo disputando "uma competição a mais" para chegar ao mundial interclubes, enfrentou o mesmo número de clubes que o Palmeiras, campeão mundial em 1951, e um adversário a menos que o Fluminense, campeão mundial em 1952.

    Pelos lados da Europa, o caminho do Real Madrid até chegar à decisão do mundial interclubes também não foi muito diferente: para faturar o torneio europeu, que já estava em sua 5ª edição consecutiva, o clube espanhol passou por quatro adversários. Com o confronto contra o Peñarol pela Copa Intercontinental, o clube espanhol enfrentou, no total, cinco adversários até chegar ao título mundial.

    Sendo assim, chegamos à curiosa conclusão de que ambos os torneios (mundiais de 1951/52 e 1960) se equivalem em termos de dificuldade, e o fato da competição dos anos 50 não ter continuidade a partir de 1953 não tira o propósito pelo qual a mesma foi criada. De modo geral, podemos considerar que os campeonatos mundiais de 1951/52 reuniram os clubes europeus e sul-americanos dentro de uma mesma competição e, a partir de 1960, os torneios continentais passaram a ser utilizados como “eliminatórias” para a disputa de âmbito mundial interclubes. Além disso, este modelo da Copa Intercontinental perdurou durante muitos anos (até 2004) porque facilitou a vida dos clubes, que só precisavam encarar as viagens intercontinentais caso estivessem classificados para a decisão do mundial.

    Vale ressaltar ainda que, apesar do sucesso e da longevidade, a Copa Intercontinental, ao longo de sua história, também sofreu com recusas e disputas canceladas, além de campeões e vice-campeões mundiais que não eram os vencedores de seus respectivos continentes. Porém, como foi o expoente máximo que um clube de futebol poderia conquistar entre 1960 e 2004, todos os seus vencedores são considerados campeões do mundo no ranking, assim como os torneios de 1951 e 1952.

A Supercopa dos Campeões Intercontinentais

    Em 1968, a CONMEBOL propôs à UEFA a criação de um torneio secundário no cenário mundial, uma espécie de recopa dos campeões mundiais (da Copa Intercontinental). Tal proposta foi aceita, no meio do caminho os clubes europeus quiseram desistir da disputa e o Santos sagrou-se campeão da Supercopa dos Campeões Intercontinentais. Esta competição é considerada no ranking como um campeonato de valor secundário no âmbito mundial - rende ao seu vencedor 45 pontos, metade da pontuação concedida por título aos campeões mundiais. No ano seguinte, houve a realização de uma nova edição, mas que não chegou ao fim. Depois disso, nunca mais foi realizada.

A Copa Rio de 1952 e os torneios semelhantes | O mundial da FIFA de 2000

 

 

 

 

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